Relato de parto

esde que eu me entendo por gente, quando nunca pensei em ter filhos, eu dizia que se algum dia eu tivesse filhos, eles nasceriam de parto normal. Não sei porque, eu não nasci de parto normal e nem me irmão, mas eu tinha esse desejo. Eu pensei que isso fosse simples, era só pedir ao médico... kkkkkkkkkkkk Doce ilusão... Com 8 semanas e comecei a ler sobre parto e sobre tudo, vi que não era bem assim, a escolha do médico era importante... Fui no meu médico e falei sobre parto com ele na segunda consulta. PIMBA. Cesarista! Sai correndo... Comecei a ligar para os médicos do plano de saúde, não encontrava nenhum que passasse segurança para a realização do Parto Normal. Lembrei de uma médica, que freqüenta a minha igreja e a gente já tinha ate um relacionamento antes de eu engravidar... pequeno, mas tínhamos... conversei com o marido dela, que tb é medico e ele me disse:” Vanessa, é a favor do parto normal, ela sempre diz que é melhor para mãe e pro bebe e tal...” Ela não tinha plano de saúde, isso me deixou receosa, por causa do lado financeiro, mas mesmo assim conversei com ela, lá na igreja mesmo, antes de começar a pré-natal. Ela me passou a visão dela, no que ela acreditava, em que casos ela faria cesárea e tal... Eu ainda disse: “Vanessa, você não vai me enrolar no final e fazer cesárea?” (guarde essa frase, é importante). Ela disse: “parto normal é aquele que mãe e neném nascem bem, ok?” Eu confiei e disse ok. Começamos o pré-natal com 13 semanas, tudo normal...

A espera e o parto


Com 34 semanas, meu colo estava pérvio e muito mole. Minha médica, com receio de um trabalho de parto prematuro, me pediu repouso até a 36º semana, onde o neném, para um parto normal, já é considerado “a termo”. Eu não fiz um repouso completo, mas diminui minhas atividades. Esse “diagnostico” gerou em mim uma expectativa de que ele nasceria rápido, talvez no início de abril (A DPP era para dia 30). Fiz 36, 37, 37,5, 38 e nada de dilatação, nada de nada. Aquilo tava me dando um angustia, um medo de não entrar em TP, medo de cair na cesárea, medo de “passar do tempo” e meu sonho de ter meu parto normal ir pro buraco. Cada dia que passava e que eu ia dormir, eu pensava “Meu Deus, será que é hoje que ele nasce?”. Observava as cólicas, as contrações, muito fraquinhas, irregulares, totalmente suportáveis. NADA. E o pior são as pessoas perguntando: “Quando nasce? Quando nasce?” Isso é horrível. O tempo ia passando e ele se mexia tão pouquinho... Ele sempre foi calmo. Tinha picos de agitação, mas, no geral, ele era calmo e isso me deixava nervosa. Outro dia fui parar na emergência, vomitando, com 34/35 semanas e reclamando: “Dra, meu filho não ta se mexendo, ele diminuiu, ta muito quieto. “ A médica me examinou, tudo normal. Vai eu pro cardiotoco. Sabe o que aconteceu? O exame não pode ser concluído, porque ele não parava de se mexer e perdia o foco. Imagina a minha cara de tacho? Falei com ele: “filho, ta fazendo a mamãe pagar mico desde cedo? “ rsrsrs Enfim, volto para casa... Toda consulta era uma expectativa: “Será que eu saio de lá pra maternidade? "
 
Dia 22 de abril, 38 semanas e 6 dias, dia da minha consulta pré-natal. Deito na mesa, exame de toque, 1 cm de dilatação... rsrsrs Não saí muito contente, mas pelo menos já era 1 cm. Melhor que nada. Durante todo o dia, fiquei com um sangramento pequeno meio rosado e cólicas mais fortes que o normal, me pareciam regulares, mas eu me enganei. Cheguei em casa com cólicas, dormi com cólicas, ou melhor, não dormi. Toda hora, cólica, dor no quadril, dor no quadril, cólica. A minha ansiedade era tanta que às 4:30 da manhã, eu ligo pra Vanessa: “eu to com dor desde que saí do consultório, não consegui dormir.” Ela: “bom, dá um pulo na Perinatal, eles vão te avaliar e de lá você me liga.” Depois de 30 minutos, ela me liga: “Tá nervosa? Toma um banho, relaxa e já leva as suas coisas e a dele, porque pela sua descrição, você vai ficar lá.
 
23 de abril, dia do nascimento do meu pequeno, dia em que as pessoas comemoram a devoção a são Jorge, que angustia. (Eu sou evangélica, então, guarde essa observação porque há um final para ela). Eu não queria pensar nisso, queria era ter meus filhos nos braços.
 
Cheguei na Perinatal. 1,5 cm de dilatação, contrações de 10 em 10 minutos. Ligaram para Vanessa e me internaram. Às 6:30 da manha, eu tava entrando no quarto. Às 7:30 a Vanessa chegou. Sentou do meu lado, conversou, perguntou. Eu tava super tranqüila, de verdade, muito calma, muito serena, rindo, conversando... Tanto eu quanto meu marido... A Vanessa chamou a enfermeira, pediu a ocitocina, porque, na contagem dela, as contrações estavam irregulares ainda e eu não queria voltar para casa. O soro chegou às 8:15, 8:30, por ai... Ela regularizou as contrações e foi tomar café, porque ainda não tinha comido.
 
Demorou uns 20, 30 minutos, no máximo, e voltou. Me examinou, 2 cm de dilatação... Jesus.. Vamos que vamos.. Ficamos conversando, rindo, descontraindo entre uma contração e outra...


Vale ressaltar que o trabalho de parto inteiro, ela não saiu do meu lado, o que foi muito importante. Meu marido no sofá perguntava; “vai demorar ainda , Vanessa? “ rsrsrs Tadinho... eu respondia: “vai sim.. ele só vai nascer a noite...” O mesmo eu respondia para os familiares angustiados que me ligavam de meia em meia hora...
 
Com 3 cm de dilatação, a Vanessa perguntou se eu queria tomar um banho, que a água quente aliviava um pouco a dor. Ela me ensinou como fazia força para empurrar o Raphael para baixo e disse que toda vez que viesse a contração era para fazer desse jeito. Fomos para o chuveiro. Ela ficou lá, 40 minutos, com o braço estendido, segurando o soro, enquanto eu tomava banho, fazia agachamento e força para baixo cada vez que a contração vinha. Eu tava curtindo, tava gostoso, apesar da dor, que ainda tava suportável, eu tava curtindo. Vinha a dor, eu agachava com toda força e vontade e fazia a força para baixo...
 
Voltei para a cama, depois de 40 minutos, tinha avançado de 3 para 5 cm de dilatação durante o exercício de agachamento. Meu marido? DORMINDO. Vocês acreditam? Dormindo mesmo.. durante todo o banho e ate me levarem para a sala de pré parto, ele dormiu. Também, para que eu fui dizer que ele ia nascer só a noite, né? Depois dos 5 cm, as contrações começaram a apertar e eu não tava mais conseguindo abrir as pernas e fazer força para baixo durante a dor, eu só gemia: “ai ai ai”. A Vanessa dizia: “Débora, ai ai ai não empurra o seu filho pra baixo. Eu sei que ta doendo, mas você é forte.”
 
Quando eu tava com quase 7, ela me levou pra sala de pré –parto e eu perguntava: “Você já ligou pro seu anestesista? Vanessa, cadê o anestesista? Ta doendo, Vanessa...” E ela me dizia” ele já ta vindo, mas você não pode tomar a anestesia agora, agüenta mais um pouquinho”. Enquanto isso, meu marido fazia massagem nas costas na altura do quadril que melhoravam bastante.
 
Quando eu vi a cara do anestesista, foi um alivio. Ufa, ele tava lá... rsrsrs Daí, vai ele me explicar tudo.. eu vou colocar isso na sua espinha, procura não se mexer, pq vai me atrapalhar, eu vou ter que fazer de novo, quando vier a contração, me avisa, que se der para parar para vc relaxar, a gente para”... Olha, eu sei que essas explicações duraram uma eternidade... eu queria saber de explicação nada, eu queria era que ele desse logo o negocio para ver se melhorava um pouco... Mas ate ai, eu ainda tava super tranqüila.. A Vanessa até disse que eu tava uma “mãe linda” rsrsrs


Eu tomei a raqui numa dose bem menor do que é dada na cesárea... Meninas, depois dessa anestesia, eu tava no céu... rsrsrs com quase 8 de dilatação, vendo jornal, rindo... Depois que eu levei a anestesia, me pediram para eu fazer uma força longa toda vez que viesse a contração, porque o Raphael tava alto ainda, bem alto... fiquei lá com meu marido, vendo o Jornal Hoje, tranqüila, tranqüila... por 50 minutos... rsrsrs
 
Quando o efeito da anestesia passou, meninas.. morri... quase morri mesmo... Não sei quanto de dilatação eu tava, mas acho que era 9.. sei lá... Era uma dor... mais uma dor... eu entrei em desespero... chorei, chorei, chamei a Vanessa: “Me opera, Vanessa, não to agüentando, me opera.. ta doendo...” ela disse: calma, espera mais um pouco que a gente te da a peridural, quando tiver perto do expulsivo... O anestesista me enrolando, porque não podia me dar outra analgesia perto uma da outra, porque o risco de parar o TP era grande... Não sei o que aconteceu comigo que a tranqüilidade que eu tava foi embora, minha pressão foi a 17 por 11 e eu dizia: “olha a minha pressão, Vanessa, olha a minha pressão, me opera... “ rsrsrsrs E ela: “Claro, você se desesperou, sua pressão subiu, se acalma, que ela abaixa... Não tem porque eu te operar agora, você não tem indicação de cesárea, o Raphael está ótimo, com batimentos normais,você está ótima, aguenta mais um pouco” Depois ela disse: “Lembra quando você me pediu para eu não te enrolar? Então, não to te enrolando”.. rsrsrsrs ai ai ai
 
Ufa, 10 cm de dilatação..


“Vanessa, to com 10????? Que horas ele nasce? Agora?” rsrsrs Ela disse: “não, ele ta fora da pelve, ta alto, tem que esperar”. Eu: “Esperar???????????????? Quanto tempo? Ai meu Deus” Ela: “bom, não depende mais de mim, depende de você e dele, faz força pra baixo na hora da dor”
 
Juro que eu achei que não fosse conseguir, mas , aos poucos fui me acalmando, me acalmando e consegui segurar a onda.


Tomei a peridural... Gente, vocês precisavam ver a minha alegria quando a médica olhou e disse: “ele ta aqui, vai nascer, levem ela”
 
Gente, eu voltei a chorar , de emoção, de satisfação, eu tava conseguindo, ele ia nascer de parto normal.. fui para sala de parto chorando, chorando... foi uma eternidade para mim a preparação daquela sala, queria ver meu filho, ele tava ali, ia nascer... precisava ver o rostinho dele, pega-lo nos meus braços... Acho que eu fiz três forças e eu ouvi o choro dele, tão lindo, tão suave, tão gostoso...
 
A minha médica, que também é evangélica, tinha me pedido autorização para entregar ele para Deus, assim que ele nascesse. Eu ouvi e vi ela levantando ele, antes de me entregar dizendo: “Deus te abençoe, Raphael”. Depois, ela me deu. A emoção é doida, doida.. Meu pai... que loucura... ele deitou no meu peito e eu não queria que ele saísse nunca mais...


Ele ficou comigo um tempinho, pegaram para limpar e me devolveram.. ficou comigo ate terminar tudo.. saída da placenta, pontos, enfim, ficou comigo...
 
Voltando ao assunto de São Jorge.. rsrs, eu vim para casa me sentindo culpada, juro, foi horrível, fiquei dias pensando que se eu tivesse esperado mais um pouco meu filho nasceria no dia 24 e eu não teria o “peso” de todo ano ouvir os fogos em comemoração ao santo no dia do aniversário dele. Para quem não é evangélico, não entende muito bem isso, mas para mim isso é sério e importante e eu não me conformava com isso... Na minha cabeça era para ele nascer em outra data e eu precipitei tudo... Essa semana, eu recebi um e.mail com o título: “23 DE ABRIL - PORQUE SERÁ QUE ALGUMAS PESSOAS AINDA INSISTEM EM SER DEVOTAS DE ?SÃO? JORGE?” Sabia que aquele e.mail era Deus falando comigo,, ele não ia me deixar sem reposta e nem me deixar carregar essa “culpa” todo ano, a cada aniversário do meu filho...O texto contava a história de Jorge, que eu não sei se é verdadeira ou não, para mim o que importa é o que Deus me disse... um trecho desse texto diz o seguinte: “Finalmente, o Imperador Diocleciano, vendo que nenhum dos seus planos macabros tinha êxito, mandou degolar o jovem e fiel servo de Jesus Cristo no dia 23 de abril de 303. Prezado leitor, devido à sua fé em Jesus, Jorge não aceitou o culto nem a veneração das imagens, e por causa disso foi morto. Porque será que há pessoas que se dizem devotas de ?são? Jorge ainda hoje? Se ele nunca quis ser beatificado! Por Jesus ele viveu e morreu como um exemplo para todos nós, e o que ele mais desejava era justamente que todo o Império Romano deixasse a idolatria e adorasse somente a Deus.”
 
E logo eu vi que o meu filho tinha nascido no dia em que um cristão morreu por Jesus, no dia que um cristão rejeitou ser adorado, no dia que um cristão demonstrou a verdadeira adoração ao Senhor Jesus... ele nasceu no dia do Senhor, no dia que meu Deus quis, no dia que Ele escolheu pro meu filho, porque meu filho será um verdadeiro ADORADOR DELE, de Jesus, o Cristo.
 
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