terça-feira, 17 de agosto de 2010

A amamentação




Quando a gente lê, parece tudo muito fácil. O difícil foi conseguir colocar em prática tudo o que eu li e aprendi.
Meu filho nasceu e junto com ele veio a ansiedade de amamentar a primeira vez. Levaram-no para o berçário logo após o nascimento. Assim que eu comi e tomei banho, corri para lá. Queria ver meu bebê, nem que fosse pelo vidro. Fiquei lá, namorando o Raphael até que desse a hora de pega-lo novamente em meus meus braços.
Fomos para o quarto e junto com a gente uma penca de visitas. Avó, avô, tio, primos, enfim, umas dez pessoas. Eu, que nunca soube dizer não, e sempre fiquei sem graça em pedir coisas que me constrangesse, pedi, delicadamente, que todos saíssem do quarto para que a enfermeira me ensinasse a amamentar e o meu filho pudesse ser alimentado de forma tranquila. Pensei que seria fácil...
Eu não tinha bico, o Raphael não sabia sugar e nem pegar o meu peito, eu não sabia colocar ele no seio, meu colostro era bem pouquinho, apertava e não saia praticamente nada... Ficamos lá quase 40 minutos e eu não consegui amamentar. Foi bem difícil. Mas, eu não me entristeci, não me abati. Decidi que ia perseverar...
Chegou o horário da próxima mamada e foi tudo igual... A noite, antes de ele dormir, veio o primeiro baque. A enfermeira me pediu autorização para dar NAN pro meu filho para que ele pudesse dormir, já que ele não tinha conseguido mamar e meu colostro tava bem pouquinho. Quase infartei. Neguei! Disse que passaria a madrugada com ele no peito, mas não daria NAN. Veio outra enfermeira... Me explicou que eu precisava descansar, porque os primeiros dias em casa seriam muito difíceis e eram as últimas noites dos próximos meses que eu ia dormir tranquila. Autorizei o complemento, com muita tristeza, e pedi que desse no copinho da mamadeira. Eu acreditei que, no dia seguinte, tudo seria diferente.
Melhoramos 5%. Rsrsrs Toda vez que era hora de mamar, eu chamava a enfermeira. Eu não sabia colocar ele no peito, o bico escorregava, ele gritava, ele não sugava... Quando foi a tarde, eu chorei. Achei que não fosse conseguir. No dia seguinte, eu estaria indo embora para casa e não teria nenhuma enfermeira para eu chamar para me ajudar. Foi desesperador isso, na minha cabeça, no meu coração. Eu passei o tempo que me restava tentando colocar ele no peito... Em vão. Sempre existia a necessidade de chamar a enfermeira para me ajudar. A noite chegou... Eu não autorizei o complemento. Disse para enfermeira que no dia seguinte eu ia pra casa e lá não ia ter ninguém para me ajudar, que ela podia ir embora e deixar o meu filho que ia me virar sozinha. Não consegui. Raphael acordou quase que de meia em meia hora. As 3 da manhã, chamei a enfermeira, ela deu o NAN e levou ele para eu poder dormir.
Apesar do sufoco, fui para casa no domingo pela manhã confiante que Deus era comigo e eu ia conseguir dar o melhor para o meu bebê. Consegui no conforto do meu lar fazer com que ele pegasse o seio corretamente e sugasse o meu leite com delicadeza e suavidade. Por eu ter só o colostro ainda, Raphael mamou de 50 em 50 minutos durante o dia e, a noite, de 50 em 50 em minutos tb. Rsrsrs Lá pelas tantas, fiquei muito nervosa, sem chão, pensando se seria sempre assim. Eu estava morrendo de sono, não me aguentando em pé, caindo pelas tabelas e tinha um bebê que dependia de mim para se alimentar. O primeiro pensamento foi: "Meu Deus! Eu não tenho como devolver. E agora? Vai ser sempre assim?" Chorei, pensei em desistir da amamentação, juro. A primeira coisa que eu pensei foi que o NAN seria mais fácil. Foi assim durante os dois dias que se seguiram. Depois de uns três ou quatro dias em casa, de manhã, eu falei pro Renard: "Fica com ele, por favor, não me acorda para nada! Nem se ele chorar! Faz uma mamadeira e dá". Eu estava muito cansada, muito... Meu marido até fez a mamadeira, mas ele não quis tomar e ele me acordou. Eu dei mama e voltei a dormir até o horário da próxima mamada. Foi um bom descanso.
Com o passar dos dias, as mamadas ficaram mais espaçadas. 1 hora e meia, duas horas, duas horas e meia... dependia... mas ficava sempre nesse intervalo. A noite variava muito. Tinha dias que ele dormia, tinha dias que não. O dia que ele não dormia, depois que o Renard acordava, ele ficava com o Raphael para eu poder descansar.
Depois da primeira semana, tudo se acertou. Eu me acostumei a não dormir, ou, acordar várias vezes e depois dormir. No primeiro mês, foi bem tranquilo a amamentação. Meus seios nunca feriram, nunca racharam, nunca doeram. Eu pude, enfim, colocar em prática tudo o que eu tinha lido. Foi e está sendo muito gratificante amamentar meu filho. O principal disso tudo está cabeça. A mulher precisa acreditar que tem leite, que pode amamentar e que vai conseguir amamentar. Isso é o mais importante.
Eu adoro trazer meu filho ao meu peito quando ele ta com fome. Eu adoro quando ele pede conforto nos meus seios. Quando meus seios são instrumentos para acalma-lo para que ele durma tranquilo. Eu amo saber que tudo o que meu filho precisa, sai de mim. Ele não precisa de mais nada a não ser de mim. É bom demais. Eu passaria o dia com ele com ele no seio se precisasse... Parece que foi ontem que eu tava parindo e semana que vem ele já faz 4 meses. Daqui a pouco está falando, andando, namorando, casando... quero muito aproveitar essa fase, quando ele é só meu, só eu posso alimentá-lo... não é egoísmo, é amor. Quando ele começar a comer, aos poucos, ele vai largando, largando, conhecendo o mundo... E essa fase é muito importante para ele se sentir seguro, confortável e saber que aconteça o que acontecer, ele sempre vai ter o "peito" da sua mãe para se confortar, para acalentar, mesmo depois que for um homem. Não quero o meu filho só pra mim, eu crio meu filho para ser benção no mundo, para ser voz de Deus no mundo... mas, nessa etapa, do que ele precisa, eu estou dando...
Não quero atingir aqui as mães que não conseguiram, não puderam ou não quiseram amamentar. Cada um tem uma visão. Isso é muito pessoal. Se você não pode e não conseguiu amamentar, não se sinta culpada. Há outras formas de você confortar e acalentar o seu bebê! Isso foi uma determinação MINHA e eu não me arrependo, pois tem sido uma experiência muito deliciosa. Mas, há muitas formas de você curtir o seu filho ou filha com experiências deliciosas, calorosas, amorosas. Mãe é mãe e sabe amar como mãe, independente de qualquer coisa.
Beijos
Branquinho

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